sábado, 2 de maio de 2020

EMERY COSTA


                                                                    Emery Costa



Por Lúcia Rocha
luciaro@uol.com.br

         O mundo da comunicação potiguar perdeu um grande ser, desprovido de qualquer vaidade pessoal ou profissional.     
         Emery Costa enveredou por todas as mídias: radiofônica, impressa, televisiva e redes sociais, pois depois da aposentadoria, usava o Facebook para informar e opinar, nunca criticar, ações de utilidade pública.
        Aos 74 anos de idade, super lúcido, porém, com uma saúde fragilizada, pois era portador de algumas doenças, segue o que se passou, conforme Emery Júnior, como bom comunicador, filho de peixinho, postou dia 20 de abril nas redes sociais:
       Vamos lá Pessoal! No intuito de unificar informações sobre o estado de saúde de papai, segue a situação abaixo:
01) Papai apresentou febre quarta feira após a hemodiálise em Mossoró!
02) Quinta feira fomos ao médico que foi passado alguns exames.
03) sexta feira resultados dos exames, sugestivos para o COVID-19.
04) Após a hemodiálise na sexta, foi encaminhado para internação no hospital Wilson Rosado!
05) Sábado, após conversas entre médicos optou-se por transferir para Natal em virtude das suas comorbidades - Renal Crônico, diabético, hipertenso, etc.
06) chegando em Natal no sabado, por protocolo do hospital São Lucas, foi pra UTI devido a ser uma internação de quadro respiratório! Leia-se, ele estava lúcido, consciente, orientado, respirando sem aparelhos etc.
07) Domingo permaneceu estável, sem intercorrências.
08) segunda, 20/04, permanece o mesmo quadro de ontem, acrescido de uma febre um pouco mais alta. Papai encontra-se na UTI do Hospital São Lucas, em isolamento, como o quadro recomenda, estando lúcido, orientado, respirando normalmente, cumprindo seu tratamento.
Agradecemos inicialmente a Deus que nos permitiu identificar com brevidade este possível diagnóstico.

       Porém, no dia 1º de maio, às 13h30, Emery Costa se rendeu ao chamado do Pai e foi morar no céu.
       Responsável pelo ingresso de inúmeros profissionais na área de comunicação, inclusive eu, tão logo a notícia chegou, Emery Costa mereceu diversas homenagens nas redes sociais.
       Como toda vítima do de Covid 19, não houve velório e, na mesma noite, seu corpo chegou para ser sepultado no Cemitério São Sebastião.
        Por volta das 21 horas, um vídeo passou a ser divulgado com diversas manifestações de carinho, de onde podíamos ver o carro da funerária adentrando o portão do cemitério. Do lado de fora, carros buzinavam e palmas de pessoas que prestavam uma última homenagem a quem em vida, foi merecedor de todos os aplausos.
        Emery Costa em vida foi uma pessoa discreta. E discretamente, despediu-se de familiares, amigos, fãs e conhecidos.  
         A viúva, Maysa de Almeida Costa, postou em redes sociais o seguinte texto:

Silêncio e paz.
Foi levado para o País da Vida.
Pra que fazer perguntas?
Sua morada, desde agora, é o Descanso,
sua roupa é a luz. Para sempre.
Silêncio e paz. Que sabemos nós?
Meu Deus, Senhor da História e dono 
do ontem e do amanhã, em tuas mãos estão as chaves da vida e da morte.
Sem perguntar-nos, levaste-o Contigo
para a Morada Santa, e nós fechamos
nossos olhos, baixamos a fronte
e simplesmente dissemos: Está bem. Seja.
Silêncio e Paz.
Acabou-se o combate. 
Para ele, já não haverá lágrimas,
nem pranto, nem sobressaltos.
O sol brilhará para sempre em seu rosto
e uma paz intangível assegurará
definitivamente suas fronteiras.
Senhor da vida e dono de nossos destinos,
em Tuas mãos depositamos silenciosamente este ser querido que foi embora...
Enquanto, aqui embaixo, entregamos à terra seus despojos transitórios,
que sua alma imortal durma, para sempre,
na paz eterna, em Teu seio insondável
e amoroso, oh, Pai de misericórdia.
Silêncio e paz.

       Que Deus console e conforte todos os familiares. Emery Costa, como bom filho, esposo e pai, descansa no Senhor.
         
     Segue texto de Lindomarcos Faustino, com a biografia de Emery Costa, publicada no livro A Saga da Radiofonia Mossoroense:

       Emery Jussier da Costa nasceu no dia 13 de fevereiro de 1946, em  Mossoró. Terceiro de um total de oito filhos do casal, Eliseu de Oliveira Costa e Julita de Oliveira Costa. 
        As primeiras letras aprendeu com a professora Alaíde Nascimento, em sua residência que ficava à Praça Coração de Jesus, centro. Depois ingressou no Colégio Diocesano Santa Luzia, em 1956. Também teve passagens pelo Colégio Estadual Jerônimo Rosado e Escola Técnica União Caixeiral.
        Dos sete aos dezessete anos de idade, trabalhou na Padaria São José, do pai, localizada na Rua Coronel Vicente Saboya, centro.
        O rádio sempre foi uma grande paixão, pois frequentava os estúdios das rádios Difusora e Tapuyo, onde vivia 'peruando' Genildo Miranda, Paulo Gutemberg, Jorge Ivan Cascudo, José Maria de Souza Luz e José Maria Madrid, que após lerem as notícias, jogavam a segunda via no cesto do lixo, Emery Costa pegava esses textos e corria para casa, onde ensaiava lendo em voz alta.
          Chegou a apresentar A Voz do Estudante, 
um programa de responsabilidade do Centro Estudantal Mossoroense - CEM - inicialmente pela Rádio Tapuyo de Mossoró e, posteriormente, na Rádio Rural, ao lado de Eudes Martins Leite.  
        Profissionalmente, atuou como locutor  aos dezessete anos, na Rádio Rural, depois de ter ficado em quinto lugar, no primeiro teste que houve para locutor daquela emissora, mas teve que aguardar alguns meses, pois primeiramente foram contratados os quatro primeiros classificados, mas com a saída de um deles, José Nilson, então foi a vez de Emery se submeter a um novo teste, tendo sido aprovado.
         E naquela rádio iniciava a sua carreira marcante na área de comunicação, permanecendo durante trinta e quatro anos.             Emery Costa fez o seguinte relato: "Logo no começou de minha carreira radiofônica na Rádio Rural de Mossoró fui indicado redator do programa noticioso Flagrantes da Cidade, com notícias de Mossoró. Certa vez, por minha conta e risco, achei de inserir no informativo uma sequência contendo a previsão do tempo. Naquela época o locutor que vos fala dizia assim:
      - Em Mossoró o tempo é bom, nuvens esparsas por sobre a cidade, temperatura em elevação.
      Um dia, padre Américo, diretor da emissora, indagou:
      - Vou ali na janela, olho para o céu e escrevo.
      Com o dedo em riste e a balançar de um lado para o outro o sacerdote reprovou por completo a novidade”.
      Emery Costa galgou naquela emissora,  todas as posições: locutor, redator, diretor artístico, diretor de jornalismo, diretor de programação, gerente e, quando padre Américo um dia definiu-se por sair, Emery assumiu a direção por dez anos, até o padre retornar e reassumir as funções.
      A sua atividade profissional está intrinsecamente ligada também à história da Rádio Rural que completou cinquenta anos.

      Durante sua passagem pelo rádio apresentou os seguintes programas: Flagrantes da Cidade, A Tarde é Nossa, Uma Reflexão, um Sucesso; Carro de Praça 990, Rural Sua Amiga, Ponto por Ponto, Comentário da Rural, O Fato em Foco.
       Emery Costa também deu uma contribuição forte ao movimento da Jovem Guarda em Mossoró, pois foi lhe dada a incumbência de comandar dois programas jovens, que era bastante marcados com as músicas desse tema e que se chamavam Os Brotos se Divertem e Titulares do Sucesso, tudo pela Emissora de Educação Rural. 
      Como jornalista iniciou no ano de 1970, nas páginas do jornal O Mossoroense, primeiramente como repórter, no período de 1970 a 1975; logo após, diretor de 1987 a 1988; e, posteriormente, colunista.
      No Diário de Natal, passou a escrever  coluna diária, sendo também correspondente do Diário do Nordeste, TV e Rádio Verdes Mares, de Fortaleza.
       Emery Costa foi candidato a vice-prefeito de Mossoró, pelo MDB - Movimento Democrático Brasileiro - em 1972, na chapa do jornalista Lauro da Escóssia Filho, contra Dix-huit Rosado e Canindé Queiroz,  perdendo por 4.203 votos.

        Emery era integrante da Academia Mossoroense de Letras - AMOL - ocupando a cadeira N° 7, que tem como patrono Raul Caldas.
        Ele foi agraciado com a Medalha do Mérito Jornalístico Lauro da Escóssia, pela Câmara Municipal de Mossoró, através do Decreto N° 93/90 de 30 de novembro de 1990, de autoria do vereador Júnior Escóssia.   
        Em 2018, recebeu homenagem da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, ao lado de profissionais da capital.
         Em seu último trabalho, dividia a bancada na apresentação do programa diário Observador Político, ao lado de Laíre Rosado e Edmundo Torres, exibido pela TV Mossoró e veiculado pela Rádio Resistência FM 93, simultaneamente. 
 
        Emery Costa é casado com Maria Luíza Martins de Almeida Costa - Maysa - e, desta união nasceram dois filhos: Mayria Costa, médica; e Emery Jussier da Costa Júnior, administrador. 


Élder Heronildes, presidente da AMOL - Academia Mossoroense de Letras - escreveu:


EMERY COSTA
Nesses dias, numa repetida, aflitiva e angustiante cadencia temos recebido, por vários meios de comunicação noticias que têm seriamente atingido e abalado o íntimo de nossos sentimentos.
A de hoje, contudo, teve uma contundência maior, mais direta e mais forte, fazendo com que as nossas emoções, os nossos sentimentos, tivessem um alcance elevado a ponto de fazer vibrar intensamente o coração, atingindo um ponto até preocupante.
Tratava-se da morte do meu estimado amigo, colega e confrade Emery Costa.
Longos são os dias dos nossos conhecimentos. Tempo que corresponde e sinaliza a minha amizade, a minha admiração, e o meu respeito por sua trajetória de vida que honra, dignifica e enaltece Mossoró, através de suas ações, da integridade do seu comportamento, da nobreza do seu caráter e suas atitudes, desenvolvidas, sempre, com correção e coerência.
Falar no jornalista, no radialista, no escritor teria que alongar-me, pois intensa e extensa é sua obra e fecunda e brilhante a sua vida.
Apenas. e em ligeiras palavras, lembrar o Emery Costa, como eu, fundador da Academia Mossooense de Letras, AMOL - em setembro de 1988, e o que disse sobre ele, no dia de sua posse, o professor Jeronimo Ving-tun Rosado Maia:
“ Não sei quantos locutores as emissoras terão no nível deste menino, que começou a trabalhar na padaria do seu pai, aos 7 anos e ingressou na Rádio Rural aos l7 anos, ali exercendo todas as funções, até atingir o seu comando em 03 abril de 1988. O jornalista sério, ponderado, correto, não tem sido menor que o radialista.”
Deus já o tem no seu convívio. com certeza. E agora, transmito a Maysa e aos seus filhos, a minha palavra de pesar e profundo sentimento, reafirmando a minha admiração, respeito e saudade, do confrade Emery Jussier Costa.

                  Em 2018, Emery Costa foi homenageado pela Assembléia Legislativa do RN

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